quinta-feira, 30 de abril de 2015

Rubrica: Histórias do avesso -Título: Selíntia

Edgar com os livros e Margarida com os desenhos que preenchiam as paredes. Mas Martim não, Martim era diferente, desejava aventura, adrenalina e descobertas. Todos lhe chamavam de parvo, os risos que o perseguiam preenchiam-lhe a mente. Certo dia resolveu infiltrar-se na imensa floresta adjacente à casa. Enquanto corria por entre as densas árvores sentindo a humidade do solo nos pés descalços, pensava em como era um verdadeiro herói. Já estava ele no oculto centro florestal quando se viu trancado por um enorme lago. Não encontrou outra alternativa senão atravessa-lo a nado. Susteve a respiração, mas ao tocar com a ponta dos dedos na água gélida e esverdeada, imediatamente veio à superfície num local semelhante à anterior floresta mas ao mesmo tempo distinto. Ao sair da água uma quantidade de seres místicos, dos quais tinha lido nos livros de fantasia que Edgar lhe emprestara, rodearam-no. Qualquer pessoa no seu lugar estaria assustada, mas a alegria que o invadia provocava-lhe um sincero sorriso de orelha a orelha. Unicórnios roçavam-se nele em busca de afeto, diminutos anões observavam-no intrigados, esbeltas ninfas escondiam-se envergonhadas... Foi então que um imponente veado totalmente branco abriu passagem por entre a multidão de mitologia e aproximando-se de Martim, proferiu as seguintes palavras: -Eu sou o rei de Selíntia, reino da magia e da eterna nirvana. Quem sóis vós e que quereis dos meus domínios? - Eu sou o Martim, herói da floresta e só busco algo que me faça sorrir como nada antes me fez. -Então caro Martim, herói da floresta estais no local certo. Em Selíntia podereis encontrar apenas bondade para onde quer que olheis. Aos seus olhos tudo parecerá magnífico, mas com o tempo habituar-se-à. Após longas explorações por entre grutas de trolls, casas de fadas, riachos de sereias... Martim sentiu que estava na hora de regressar. Mergulhou de novo no lago e seguiu pelo mesmo percurso. Chegou a casa estafado mas orgulhoso, não perdendo tempo para contar aos irmãos todas as suas peripécias. Como é lógico eles não acreditaram e fizeram troça dele. Revoltado Martim saiu porta fora e disse: - Vou partir para o único lugar onde alguma vez consegui ser feliz! Desde então nunca mais vi o meu irmão. Sim eu sou Margarida, a desenhadora, que virou as costas ao irmão quando ele mais precisou.

2 comentários:

  1. Adoro tanto esta história! É mesmo linda e também tocante. Continua a escrever assim, Margarida! :)

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